domingo, 22 de março de 2009

CONTINUACAO DA TRIP 7 PARTE




O Calypso vai usar também?Não sei. Se fecharem as lojas todas, vamos ter que fazer isso.A crise atingiu o Calypso?A gente tá trabalhando menos porque nós quisemos. Nasceu a Yasmin, meu filho precisa muito de mim nesse momento, porque tá entrando na adolescência. A gente precisa viver mais um pouco. Antes a gentefazia 25 shows por mês, hoje a gente faz 16. Ainda é muita coisa. A gente toca de quinta a domingo, toda semana. Tem terça e quarta para resolver as coisas da banda e outros negócios. A Joelma tem loja de roupa, fábrica de roupa. Eu tenho uma pequena fazenda no Pará, onde estou criando gado.Vocês começaram a estourar no começo do anos 2000, mas só chegaram à TV há uns três anos. Por quê?Eu não queria nem fazer televisão no começo, eu queria era mostrar a cara da banda. Quando nós estouramos, todo mundo conhecia nosso som, mas ninguém conhecia minha imagem ou a da Joelma. Aí começaram a surgir bandas piratas se passando por nós. Às vezes me ligavam e diziam: “Hoje tem showde vocês aqui em Goiânia!”. Eu dizia: “Não, meu amigo, estou com show marcado hoje em Pernambuco”. E o cara: “Mas eu estou vendo a faixa de vocês, o nome de vocês”. Aí eu ia lá ver e era uma banda se passando por nós, com uma loira e um rapaz na guitarra. Daí a Joelma falou: ou a gente vai para a televisão ou tem que criar uma marca. Deixa eu pintar uma coisa aqui no teu cabelo, como o Pepeu Gomes fez no começo da carreira.Então foi ela quem inventou a famosa mecha loira?É. Mas eu não gostava daquilo de jeito nenhum. Fiquei uns seis anos com a mecha, injuriado. O pessoal falava: a Banda Calypso é aquela com o menino da mechinha. Mas não teve jeito: os outros fizeram, virou moda. E não resolveu. Então falamos: “Agora temos que ir pra TV”. Mas, rapaz, foi difícil chegar. Fizemos dois programas do Raul Gil, mas não foi o suficiente. Quando lançamos o terceiro disco, fomos convidados várias vezes para o programa do Gilberto Barros na Bandeirantes. Daí o povo começou a conhecer nossa imagem no Brasil.

Depois de um tempo fomos convidados para fazer o Faustão. Eu me emocionei muito, porque a gente já tinha vendido mais de 5 milhões de cópias e ainda não tinha ganhado disco de ouro, dediamante. Aí a fábrica que prensou os discos fez uma homenagem pra gente no Faustão.Vocês precisaram vender 5 milhões de cópias para serem notados pela TV?É, fizemos dois anos de Gilberto Barros até sermos chamados pelo Faustão. Fomos chamados pela Globo quando vendemos 600 mil cópias de DVD e 1,2 milhão de CDs em um só mês.Foi preconceito que a banda sofreu?Sofre até hoje.O preconceito vem da chamada elite intelectual, que rotula vocês de brega?É isso. Tudo no Brasil que atinge a massa, que mexe com o povão, que leva a multidão, é brega para essa turma que se diz elite, mas queria estar no nosso lugar. Não é nem odiar, é ter inveja do trabalho, porque não conseguiu chegar lá.Você fica chateado quando os críticos dizem que a música do Calypso é de má qualidade?Nunca ninguém falou isso na minha cara. Se falarem, eu vou respeitar a opinião do cara. Tem muita coisa de que eu não gosto, mas tiro o chapéu. Não gosto de metal nem de tecnobrega. O sujeito faz um jingle no computador falando o nome de sua aparelhagem e toca nas próprias festas, nos carros de som, aluga rádio pra tocar também. Deixaram de tocar a gente. Eu não curto muito esse som de coisas eletrônicas. Gosto de música com instrumentos. No tecnobrega, o jingle virou a própria música. Mas eles fazem sucesso, e o sucesso tem que ser respeitado.

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