domingo, 22 de março de 2009

MATERIA DA REVISTA TRIP


O líder da Calypso não fica parado e já pensa em reinventar outra vez o negócio da música.À frente da banda Calypso, o guitarrista Chimbinha criou um gênero musical e um inovador modelo de negócios - sem precisar das gravadpras, da TV, dos críticos. Na maior crise da história da indústria fonográfica, vendeu 12 mihões de discos, tornou-se o artista mais popular do Brasil ao lado da mulher, Joelma, e virou caso de estudo para analistas da nova economia. No aniversário de dez anos de sua banda, Chimbinha não fica parado e já pensa em reinventar mais uma vez o negócio da músicaNa infância, Chimbinha era um peixe. Nascido em Oeiras, interior do Pará, com o nome de Cledivan Almeida Farias, ele morava do lado de um rio e passava o dia na água, nadando perto de tambaquis, tucunarés, dourados, filhotes.Desta vez, ele deixou o fogão ser pilotado pelo chef paraense Manuel Rodrigues – que costuma levar de avião, de Belém a São Paulo, os peixes oferecidos nos jantares aos amigos da música. O almoço em Ananindeua foi uma versão menos sofisticada, mas não menos saborosa, dos banquetes de Alphaville. Entre os itens do cardápio, dourado grelhado e açaí – que Chimbinha come salgado, com farofa, durante a refeição. “Vamos aproveitar que a Joelma não está aqui para atacar o açaí”, ele diz, brincando com as restrições da mulher às calorias da fruta amazonense.À mesa, estão amigos, parentes e músicos de sua banda, as pessoas com quem ele se sente mais à vontade. “Não gosto de coisas muito glamorosas. Outro dia eu fui receber um prêmio na MTV de guitarrista dos sonhos’. Eu me perguntava: ‘Meu Deus, o que estou fazendo aqui, será que esse é meu mundo?’. Me senti um peixe fora d’água.”Como foi sua infância no interior do Pará?Foi muito boa e difícil ao mesmo tempo. Eu tinha uma família muito humilde. Meu pai trabalhava numa serraria, minha mãe era dona de casa. Nós somos sete irmãos. Não foi fácil para meu pai sustentar todo mundo. Quando viemos para Belém, eu já tinha uns 10 anos. Fomos morar numa invasão, tipo uma favela. Aí papai foi trabalhar na feira como vendedor de peixe e eu fui ajudá-lo.A música já tinha entrado em sua vida nessa época?Desde que eu me entendo por gente, eu já estava com o violão na mão. Meu irmão Pedro era músico. Ele foi a pessoa que eu ouvia tocar todos os dias. Quando ele deixava o instrumento, eu pegava e ficava tocando. Meu irmão tocava rock, mas eu já sabia que gostava de música caribenha, das lambadas internacionais que tocam no Pará. Adolescente, virou peixeiro. Foi morar em uma invasão da capital Belém Desta vez, ele deixou o fogão ser pilotado pelo chef paraense Manuel Rodrigues – que costuma levar de avião, de Belém a São Paulo, os peixes oferecidos nos jantares aos amigos da música. O almoço em Ananindeua foi uma versão menos sofisticada, mas não menos saborosa, dos banquetes de Alphaville. Entre os itens do cardápio, dourado grelhado e açaí – que Chimbinha come salgado, com farofa, durante a refeição. “Vamos aproveitar que a Joelma não está aqui para atacar o açaí”, ele diz, brincando com as restrições da mulher às calorias da fruta amazonense.À mesa, estão amigos, parentes e músicos de sua banda, as pessoas com quem ele se sente mais à vontade. “Não gosto de coisas muito glamorosas. Outro dia eu fui receber um prêmio na MTV de guitarrista dos sonhos’. Eu me perguntava: ‘Meu Deus, o que estou fazendo aqui, será que esse é meu mundo?’. Me senti um peixe fora d’água.”Como foi sua infância no interior do Pará?Foi muito boa e difícil ao mesmo tempo. Eu tinha uma família muito humilde. Meu pai trabalhava numa serraria, minha mãe era dona de casa. Nós somos sete irmãos. Não foi fácil para meu pai sustentar todo mundo. Quando viemos para Belém, eu já tinha uns 10 anos. Fomos morar numa invasão, tipo uma favela. Aí papai foi trabalhar na feira como vendedor de peixe e eu fui ajudá-lo.A música já tinha entrado em sua vida nessa época?Desde que eu me entendo por gente, eu já estava com o violão na mão. Meu irmão Pedro era músico. Ele foi a pessoa que eu ouvia tocar todos os dias. Quando ele deixava o instrumento, eu pegava e ficava tocando. Meu irmão tocava rock, mas eu já sabia que gostava de música caribenha, das lambadas internacionais que tocam no Pará.com a família e trabalhar na feira com o pai. Já adulto, depois do sucesso à frente da Banda Calypso, tornou-segourmet de pescado. Em sua casa em Alphaville, prepara peixes para amigos como Zezé di Camargo, Leonardo e Bruno (da dupla com Marrone) –, que, como ele, estão entre os artistas mais populares do país. Ele pode discorrer longamente sobre os hábitos naturais e as virtudes culinárias de cada peixe – herança dos tempos de rio e de feira no Pará, não uma ostentação de novo rico.O antropólogo Hermano Vianna enxerga na trajetória de Chimbinha “um símbolo incrível das mudanças pelas quais o Brasil está passando”. Mais até do que o torneiro mecânico que se tornou presidente. “A ascensão política de Lula é produto de alianças entre vários grupos sociais diferentes. Chimbinha se fez sozinho, sem gravadoras, sem televisão, sem elogios da crítica”, afirma.No percurso, o guitarrista inventou um novo estilo musical, uma fusão de ritmos que ele batizou de calipso; e tornou-se um músico louvado por muitos colegas (leia depoimentos à pág. 7), mas ainda visto com preconceito por quem rotula de brega seu som e suas roupas.De quebra, Chimbinha criou um inovador modelo de negócios. Sem o apoio de gravadoras, deu CDs para as rádios de poste de Belém (que transmitem em alto-falantes nas ruas da cidade) tocarem suas músicas, enviou pelo correio discos para o Brasil todo, depois fechou acordo com uma distribuidora que os repassava diretamente a lojas e camelôs, vendeu milhares decópias em shows e supermercados. “A ideia não foi minha, foi ideia da necessidade”, resume Chimbinha.Na pior crise da indústria fonográfica, a Banda Calypso vendeu ofi cialmente mais de 12 milhões de CDs e 3 milhões de DVDs, lotou estádios no Brasil todo, tornou-se o grupo mais popular do país segundo pesquisa Datafolha e foi citado no livro Free!, de Chris Anderson, editor da revista americana Wired,como exemplo de ponta da nova economia.Ao completar neste ano uma década de Calypso e de casamento com a cantora Joelma, Chimbinha não dá pinta de descansar sobre os louros da glória. Além de um disco novo lançado em janeiro e de uma coletânea prevista para o fim do ano, ele planeja fazer turnê com os Paralamas do Sucesso (com quem tocou em um evento no ano passado), plantar um pé em Hollywood (a banda gravou uma versão em inglês do hit “Acelerou”, batizada de “Accelerate my heart”, para a trilha de um filme americano), lançar uma TV da banda na internet. E, sobretudo, ele quer reinventar o modelo de negócio da banda.Uma possibilidade é distribuir CDs de graça para quem comprar um ingresso do show. Workaholic assumido, ele telefona diariamente a rádios de todo o Brasil para convencer os donos a tocar as novas músicas do Calypso, mesmo depois das toneladas de discos vendidos. Em meio às férias no mês passado, gravou três discos – um de sua banda, dois de amigos – varando as madrugadas. Foi em meio a seu atarefado retiro, em sua nova casa em Ananindeua, cidade colada a Belém, que Chimbinha recebeu aTrip para um almoço farto e uma conversa franca, um dia antes de seu aniversário de 35 anos.

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